Conta a história, quando o tempo ainda era imemorial e as divindades deixavam marcas no mundo em forma de descendentes, um grupo seleto dessas marcas reunia-se sempre na Arcádia em torno de algum conhecimento ou vinho. Dias e noites revesavam-se em suas mentes e corpos; o álcool etílico em suas divinas veias. Aborrecidos diante de um mundo natural, cheio de harmonia no meio de um bosque, resolveram partir em busca de uma eterna aventura.
A cidade era Eficer, cortada por rios que carregavam em suas águas angústias, alegrias, belezas e feiuras. A cidade era contraditória em si... Imensos prédios modernos e templos antigos compunham uma paisagem rica e sobrenatural. A maioria dos mortais, dela residentes, corria de um lado para o outro sem contemplar sua beleza revelada, principalmente, em suas pontes, que historicamente ligam pontos e almas. Neste clima chegaram anunciados por seus caminhares incomuns e suas falas impressionantes. Desejavam adentrar a primeira das tavernas e fazer-se notar.
Ualocin, filho perdido de Hebe e Hércules estava a frente do grupo quando um aparentemente abandonado feixe de cevada encima de uma mesa chamou sua atenção... juntando-se a Acuteb, filho de Afrodite com o Simples pastor da Arcádia, viram nos restos do vegetal uma possibilidade ainda não investigada. Um pouco depois, faziam parte deste grupo Anailuj, filha da Musa e de Hermes; Adidanac, filha de Eros e da ninfa cingida e Elesig, exuberante filha das gargalhadas de um ébrio Pan. Espantados com as possibilidades do material estavam aturdidos.
Usando de seus fios Adidanac enredou todos os jovens participantes da caminhada em um objetivo comum: tornar aquela sensação mais profunda. Anailuj guiando o evento, inspirando seus participantes, tornou os restos do vegetal em líquido que imediatamente ganhou de Ualocin a qualidade de ser uma junção de amargor e desejo, Acuteb deu-lhe a volúpia e Elesig presenteou o futuro divino líquido com a alegria. A beleza dourada e a ligação com a abertura de mentes lhe foram dadas pela filha de Hermes e pela filha de Eros. Estava pronto o líquido da concórdia...
No Olimpo, não feliz com o feito que rivalizava com seu vinho, o deus Baco foi até a plêiade de brincantes que dançavam em torno da recém-inventada bebida; exigiu deles a responsabilidade pelo feito. Mas o grupo era versado nas artes de Momo... Em redor do apaixonado pelo líquido cor do desejo, movimentavam-se, dançavam, mostravam-se... Corpos e almas bebiam, bocas sonorizavam alegria e peles ardiam desejos...
Apaziguado pelo culto a si... o deus sentenciou-os:
- Em torno de tal bebida, que deverá chamar-se cerveja, só os extremos: alegria total ou tristeza completa; unido grupo ou solidão profunda; inteligência divina ou ignorância humana... Em bom uso inquebráveis alianças serão forjadas ou, ao contrário, lares completamente destruídos... Só poderá ser sorvido gelado em grandes quantidades... E a vós, caros inventores, será exigida periódica procissão nas tavernas desta líquida cidade, em cada taverna não podereis permanecer até que o ciclo da noite se feche, sempre de pé ou caminhando, portando seus copos e existências... Serão conhecidos como Chopptour.