Alvejados
É difícil dizer o que se sente diante de tanto horror. Se não bastasse o crime, os comentários brasileiros na política e no cotidiano funcionam quase como os tiros disparados na fatídica madrugada... E o silêncio. Ainda há este que se faz como uma barreira entre os tidos normais e os alvos prediletos da intolerância. Resta-me o fazer poético para não calar tamanha dor dentro de mim.
Assassinados
todos os dias
Não é pelo dia do
amor
É pelo ódio que me
destina
Não é por seu
guarda-roupa
É pelas vestes que
me zomba
Não é por sua
naturalidade
É por minha escolha
que duvida
Não é por seu
prazer
É pelo meu gozo que
destorce
Não é por sua
honra
É por meu orgulho
que degenera
Não é por sua
família
É pela união em
que me desacredita
Não é por sua
descendência
É pelo filho que me
proíbe
Não é por seu
falatório
É pela intriga em
que me põe
Não é por seu
discurso
É por minha voz que
silencia
Não é por seu
livro sagrado
É pela palavra que
me fere
Não é por sua paz
É pela violência
que me atinge
Não é por minha
salvação
É por meu EU que
condena
É por meu signo de
arco-íris
É pelo ódio que
lhe guia
É por minha morte
que pede...
13-06-2016