Em
coro, as torcidas do mundo inteiro clamam por esse aprendizado: o
brasileiro tem que saber perder; parar de reclamar; parar de exigir
que os seus grandes jogadores sejam realmente grandes em campo.
Afinal, os outros também merecem ganhar...
O
problema com essa afirmação é que o brasileiro já sabe perder
muito bem. Perde todos os dias, se conforma e continua lutando. Não
é a toa que pagamos os maiores tributos e os maiores preços do
mundo e permanecemos acreditando que os péssimos serviços (públicos
ou privados) oferecidos não nos matem a qualquer momento quando
necessitarmos deles. O mais interessante disso tudo, é que já
começamos perdendo nessa copa...
Perdemos,
quando fomos escolhidos como sede de um evento internacional e nossos
governantes planejaram “melhorar” as condições de nossa cidade
só por isso. Nós que pagamos as contas, inclusive as deles, não
merecemos uma infraestrutura melhor?
Perdemos,
quando no meio das comemorações de que “a copa vem aí”,
descobrimos que, pelo menos, 80% da população brasileira, que pagou
a conta da construção dos estádios, não vai conseguir nem passar
por perto deles durante os grandes jogos. Ainda assim, fomos
voluntários, trabalhamos gratuitamente para uma instituição
milionária ganhar mais dinheiro ainda e impor seu padrão para o
mundo, que está obviamente sob seus pés.
Perdemos,
agora e futuramente, pois o evento iniciou e para nossa vergonha as
benditas obras não estavam terminadas e, sabemos, não o serão
realmente, afinal de contas, estamos no Brasil e o povo sabe perder.
Perdemos,
ora que novidade, quando nosso hino foi desrespeitado a cada jogo
pelo padrão fascista da organizadora do evento.
Perdemos,
também, quando uma mídia preocupada em criar um garoto propaganda,
praticamente, lavou nossas mentes (ou tentou) com a ideia de que a
Seleção é um time de um jogador só. E que, obviamente, sem ele
não há mais ninguém em campo. Por isso, esse placar tão
expressivo da Alemanha.
Perdemos
…
Acredito
que já temos essa lição de cor. Na verdade, com o futebol, o
brasileiro tenta aprender a ganhar. Fazer sua vida tão difícil ser
mais leve com um grito de “campeão” de deixar-nos sem voz.
Contudo é hora também, de aprender que a real vitória não está
nos pés de 11 homens num campo carregando as cores de nossa
bandeira. Está em nossas vidas cotidianas, quando e onde podemos
construir uma nova realidade, finalmente vencer.