deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
João Cabral de Melo Neto. Morte e Vida Severiana
Interessante como Cabral consegue explicar vida e morte tão indissociáveis. Creio que ele esteja com a razão: todo nascimento por mais próximo da morte que esteja, merece ser festejado. Do contrário, não seria nascimento. Sei que otimismo não é uma de minhas qualidades, no entanto tenho mergulhado nesta nova experiência que é, apesar de tudo, acreditar na humanidade. E claro, o título do blog perderia o sentido se eu não trouxesse otimismo para estas linhas virtuais. Interessante é que esta nova fase da minha vida não perdeu o habitual peso herdado das outras. Na verdade, agora, sei o porquê de carregar tantas coisas comigo, o que nunca foi exatamente ruim... me definiu como pessoa, me tornou melhor do que eu esperava. É... nascer é bom, renascer é melhor ainda. O blog agradece a credibilidade do próprio autor.
João Cabral de Melo Neto é realmente bom...
ResponderExcluir