domingo, 26 de junho de 2011

Bom gosto ou afetação?

Difícil acreditar no que vivemos hoje em nossa sociedade. O que é mais caro é melhor, mais capaz e mais bonito. Não acredito nesta supremacia do poder do dinheiro. Acredito sim em bom gosto e luto diariamente contra os consensos. O que me leva a mais uma encruzilhada: o que os ditos inteligentes dizem que é bom é realmente bom.Não preciso aqui comentar o quanto o senso comum comercial: loiras, fuleragem music, divas latino-americanas, é agressivo e - pelo amor de deus - é vendido ou comprado, as pessoas ouvem e veem tanto que acham que realmente gostam daquilo. No entanto há algo tão decaído quanto é o senso comum do bom gosto judaico-cristão-pequeno-burgês-capitalista-acadêmico-ocidental. É aquilo que leva a todos a dizer, mesmo sem ter lido, que Machado de Assis é o melhor escritor brasileiro. Não questiono aqui a qualidade do artista, mas a obrigação de gostar do que ele ou qualquer outro coroado pela academia faça.Sou professor de Literatura e não gosto de Dom Casmurro. Isto é considerado um crime por isso enfrento narizes torcidos diante de minha sinceridade. Acredito que este bom gosto artificial é muito mais uma afetação que propriamente uma escolha. Deveríamos ser mais livres para escolher o que é bom... Aliás o que é bom deve vir acompanhado com a pergunta "para quê?", porque não dá para ouvir o Carmina Burana (minha ópera favorita) e dançar juntinho com quem estou paquerando. você pode ler Paulo Coelho para passar o tempo, não para refletir. Você não pode ler Clarice Lispector para matar o tempo, lê-la será um exercício de autoconhecimento... O que nos leva a compreender que a expressão "é bom" deva vir acompanhada com o famoso "para quê?"

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